Baterias Moura é um case de sucesso bonito de se ver, ouvir e sentir. É uma história de muita energia que relata a saga do pernambucano Edson Mororó Moura, que, ao lado de sua esposa, Maria da Conceição Moura, desafiou todas as adversidades para realizar um sonho aparentemente enlouquecido: fabricar e vender baterias de qualidade em uma cidadezinha perdida no Agreste Pernambucano.
Sem água encanada nem luz elétrica, os engenheiros químicos Edson e Conceição levavam a vida como qualquer outro casal. Ela era professora de matemática e ele, empregado de uma fábrica de doces. Foi justamente nessa fábrica que surgiu a ideia de montar a Acumuladores Moura. Um dia, uma conversa com um colega de trabalho e uma decisão: fabricar baterias para carro. Para alguns, um sonho inalcançável; para outros, uma ousadia sem tamanho ou apenas loucura. Afinal, à época, Recife – cidade mais desenvolvida do estado de Pernambuco – tinha menos de quinhentos veículos em circulação e, em Belo Jardim, onde a fábrica foi montada, a frota de carros se resumia a um veículo.
Com a determinação característica de engenheiros químicos, Edson abraçou o desafio com a mesma ousadia que define o espírito inovador da engenharia química. Sua metáfora do besouro é emblemática: “Dizem que o besouro voa porque não conhece as leis da aerodinâmica. Ele tem uma forma totalmente imprópria para voar, tem asas delicadas e um corpo grande para o tamanho delas.” Assim, Edson seguiu em frente, estudando, pesquisando e inovando. A produção começou no quintal da residência do casal. Quando ainda não conseguia produzir uma bateria com qualidade e preço competitivo, o empreendedor investiu em negócios paralelos, demonstrando a resiliência e o pensamento estratégico.
Logo, além de produzir baterias, passou também a vender componentes do produto, como caixas de ebonite e separadores de PVC. Também chegou a comercializar chumbo para espingardas de caça, o que permitiu a contrapartida necessária a um projeto aprovado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Esse projeto permitiu a importação de equipamentos e a transformação da empresa em uma fabricante de baterias. Entre as conquistas iniciais, destaca-se o financiamento em 1966 pela Sudene e pelo BNB, que viabilizou a ampliação e modernização da fábrica.
Ao longo do tempo, a Moura foi galgando seu espaço no cenário nacional. Com o avanço nos aspectos tecnológicos e nos processos de produção, a empresa amadureceu sua estratégia de mercado, gestão e cultura organizacional. Esses avanços só foram possíveis graças à aplicação rigorosa dos princípios científicos e técnicos da engenharia química, que guiaram a formulação de novos produtos, a otimização dos processos e a busca contínua pela eficiência.
Durante os anos 1970, a empresa enfrentou momentos de crise. A entrada dos filhos Edson, Sérgio, Pedro e do genro Paulo Sales trouxe novas perspectivas. Um dos marcos dessa fase foi a criação da Rede Baterias Moura (RBM), que revolucionou o modelo de distribuição da empresa ao incluir gerentes como sócios das filiais. Esse modelo não apenas incentivou o comprometimento dos gestores, mas também permitiu que a empresa expandisse sua presença pelo Brasil. A partir dos anos 1980, a Moura começou a fornecer baterias para montadoras como Fiat, Volkswagen, Ford e Mercedes-Benz, conquistando reconhecimento pelo alto padrão de qualidade.
Engenheiros químicos desempenharam um papel central na consolidação desse padrão. A empresa foi pioneira na fabricação de baterias para carros a álcool, que demandavam uma densidade de carga muito elevada. Essa conquista foi possível graças à aplicação de conhecimentos avançados em química e materiais, além de parcerias tecnológicas estratégicas. O Programa de Qualidade Total e o Sistema Moura de Gestão (SMG), implementados nas fábricas, demonstram a importância da gestão técnica e científica na busca pela excelência.
Na década de 2000, a Moura diversificou sua atuação com a produção de baterias industriais, incluindo modelos tracionários e estacionários. Essa ousadia, um antigo desejo do fundador Edson Mororó, elevou a Moura ao patamar de oferecer soluções de bateria para diversas aplicações: empilhadeiras, telecomunicações, tratores, trens, metrôs, barcos, motocicletas e muito mais. A engenharia química foi, mais uma vez, fundamental para desenvolver produtos que atendessem a essas demandas diversificadas, garantindo desempenho superior e inovação.
Hoje, com seis fábricas – quatro em Belo Jardim (PE), uma em Itapetininga (SP) e outra no distrito de Pilar (Argentina) – a Moura emprega cerca de 4 mil pessoas e é responsável pela produção de mais de 7 milhões de baterias automotivas por ano. Cada etapa dessa trajetória reflete o compromisso de engenheiros químicos e cientistas em transformar desafios em oportunidades, criando soluções tecnológicas que impulsionam o desenvolvimento econômico e sustentável. A empresa também se destaca por seus investimentos no Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura (ITEMM), que reúne engenheiros e pesquisadores para explorar novas fronteiras na acumulação de energia, mobilidade elétrica e sustentabilidade.
Com orgulho, a Moura celebra a persistência e a criatividade dos engenheiros químicos que, ao longo de décadas, contribuíram para que a empresa se tornasse líder nacional e referência mundial no segmento de baterias automotivas. Esses profissionais provaram que a ciência e a inovação podem transformar não apenas empresas, mas também comunidades inteiras, como Belo Jardim, que hoje desfruta de uma economia próspera graças à visão e ao trabalho árduo da família Moura e de seus engenheiros químicos.
Fonte: BNDES Biblioteca Digital
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