O Brasil e a Argentina, tradicionais parceiros econômicos no MERCOSUL, firmaram recentemente um acordo para a importação de gás natural extraído da formação de Vaca Muerta, na Patagônia argentina. Embora essa iniciativa vise atender à crescente demanda energética brasileira, a técnica de fraturamento hidráulico, conhecida como fracking, utilizada na extração, suscita intensos debates devido aos seus potenciais impactos ambientais e sociais.
O fracking é uma técnica que permite a extração de gás e petróleo de formações rochosas profundas, como o xisto. O processo envolve a perfuração de poços com profundidades que podem atingir 3 mil metros, seguida da injeção de uma mistura de água, areia e produtos químicos sob alta pressão. Essa pressão fratura as rochas, liberando os hidrocarbonetos que, então, fluem para a superfície.
Embora o método tenha impulsionado a produção energética em diversos países, ele levanta preocupações significativas. Estudos indicam que o fracking pode levar à contaminação de aquíferos, emissão de gases de efeito estufa e até à indução de sismos. Além disso, o consumo intensivo de água e a possível contaminação por produtos químicos são pontos críticos destacados por ambientalistas.
Na Argentina, comunidades indígenas, especialmente os Mapuche na província de Neuquén, têm denunciado os efeitos adversos do fracking em seus territórios. Relatos apontam para a contaminação de lençóis freáticos, escassez de água potável e problemas de saúde decorrentes da poluição do ar e da água. Além disso, há preocupações sobre a ocorrência de terremotos induzidos pela atividade.
No contexto do acordo Brasil-Argentina, ambientalistas brasileiros manifestaram oposição à importação de gás extraído por fracking, alertando para os danos ambientais e as violações de direitos das comunidades afetadas. Um ofício enviado ao Ministério de Minas e Energia do Brasil destaca esses pontos, enfatizando a necessidade de considerar os impactos socioambientais antes de avançar com o projeto.
O memorando de entendimento entre Brasil e Argentina prevê o início do fornecimento com 2 milhões de metros cúbicos de gás por dia, com aumento gradual para 10 milhões entre 2026 e 2028, alcançando 30 milhões de metros cúbicos diários até 2030. Esse volume final representaria cerca de 30% da demanda brasileira de gás natural.
O gás será transportado através de infraestruturas existentes e novas, com investimentos previstos para interconectar os gasodutos dos dois países. O custo projetado do gás importado é estimado entre US$ 7 e US$ 8 por milhão de BTU, aproximadamente metade do custo atual, o que poderia resultar em economia para o consumidor brasileiro.
Diante das controvérsias associadas ao fracking, especialistas e ambientalistas defendem a priorização de fontes de energia renováveis, como solar, eólica e biomassa. O Brasil possui potencial significativo nessas áreas, e investimentos em energias limpas poderiam reduzir a dependência de combustíveis fósseis, alinhando-se aos compromissos internacionais de mitigação das mudanças climáticas.
"O acordo entre Brasil e Argentina para a importação de gás natural de Vaca Muerta coloca em evidência a delicada balança entre a necessidade de suprir a demanda energética e a responsabilidade socioambiental. Embora o fracking ofereça uma solução imediata para a obtenção de gás natural, os riscos ambientais e sociais associados não podem ser ignorados. A transição para fontes de energia mais sustentáveis surge como uma alternativa viável e necessária para garantir um futuro energético equilibrado e responsável."
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