A Engenharia Química e a Transformação Tecnológica da Indústria de Laticínios no Brasil

 27/01/2025

Fonte: Adobe Stock

Escrito por Daniel G. de Arruda

O setor de laticínios brasileiro vive um momento de transformação, com grandes investimentos impulsionando avanços tecnológicos e sustentáveis. Dois projetos de destaque evidenciam esse movimento: a nova unidade industrial da Sooro Renner Nutrição S.A. em Francisco Beltrão – PR e o empreendimento do Grupo Piracanjuba em São Jorge d’Oeste – PR.


Sooro Renner: Expansão e Inovação Tecnológica


Fonte: Sooro

A Sooro Renner anunciou a construção de sua terceira unidade industrial, com um investimento de R$ 650 milhões, consolidando sua liderança na produção de Whey Protein e introduzindo a Lactose Infant Formula Grade no Brasil. Situada em Francisco Beltrão – PR, a nova planta contará com capacidade de produção de aproximadamente 40 mil toneladas de lactose por ano e 12 mil toneladas de Whey Protein, além de incorporar a Concen Lácteos, recentemente adquirida. De acordo com Eduardo Serra, CEO da Sooro Renner:


“A instalação da unidade é parte do plano estratégico iniciado em 2021, que integra a expansão da empresa até 2030. Estes investimentos visam gerar riquezas para a cadeia de negócios das regiões onde atuamos e contribuem para que o Brasil se torne cada vez mais relevante a nível mundial em relação ao processamento de soro de leite.”


O projeto, iniciado em julho de 2024, reafirma o compromisso da empresa com inovação e sustentabilidade, impulsionado por visitas técnicas internacionais que garantiram alinhamento com as melhores práticas globais. Além disso, a planta gerará mais de 250 empregos diretos e 1.200 indiretos, transformando a economia da região.


Piracanjuba: Alta Tecnologia e Sustentabilidade


Fonte: Gazeta do Povo

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 499 milhões para o Grupo Piracanjuba, que investirá R$ 612 milhões em uma nova unidade industrial em São Jorge d’Oeste – PR. Com capacidade para beneficiar 1,2 milhão de litros de leite por dia, o empreendimento terá produção integrada de queijo muçarela, manteiga, whey protein (concentrados e isolados proteicos) e lactose em pó.

Segundo Luiz Claudio Lorenzo, presidente do Grupo Piracanjuba, a unidade reunirá alta tecnologia e equipamentos modernos para garantir padronização, qualidade e eficiência operacional, com foco em sustentabilidade.


“A perspectiva sustentável inclui tratamento e reaproveitamento de água e a produção e utilização de biogás como fonte de energia. E, ainda, as oportunidades de emprego disponibilizadas geram renda para a economia local.”


INDUSTRIALIZAÇÃO E INVESTIMENTOS


Desde 2019, as indústrias do setor alimentício no Paraná investiram mais de R$ 1,5 bilhão em modernização e expansão. Entre os projetos de destaque estão a construção de novas plantas industriais nas regiões de Campos Gerais e Oeste do Estado, focadas na produção de grãos, carnes e derivados lácteos. Empresas como a Unium e a Tirol, em parceria com cooperativas locais, lideram essa transformação, apostando em processos mais sustentáveis e eficientes. O foco em produtos de valor agregado, como queijos finos, iogurtes e sobremesas, tem ampliado a competitividade do Estado nos mercados interno e externo.


GERAÇÃO DE EMPREGOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL


A verticalização das cadeias produtivas também impacta positivamente a geração de empregos. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, em 2023, as indústrias alimentícias do Paraná criaram mais de 3.000 novos postos de trabalho, o maior aumento entre os principais estados produtores do Brasil. Além disso, municípios especializados, como Castro e Carambeí, se destacam pela alta densidade produtiva e pela geração de valor agregado, contribuindo significativamente para a economia local e estadual.


COOPERATIVISMO COMO PILAR DO SUCESSO


Fonte: Sicredi Dexis


O papel das cooperativas no desenvolvimento da indústria alimentícia paranaense é fundamental. Mais de 50% dos produtores do Estado são associados a cooperativas, que oferecem suporte técnico, acesso a crédito e garantias de comercialização com preços justos. Segundo Rafael Wollmann, diretor de operações da Cooperativa Witmarsun:


“As parcerias com os produtores e os investimentos em tecnologia são essenciais para otimizar processos, reduzir custos e garantir a produção de alimentos de alta qualidade.”


Graças à integração entre produtores e indústrias - que promove a verticalização e a agregação de valor aos produtos locais- houve um crescimento de 18% na industrialização de alimentos nos últimos cinco anos, o Paraná alcançou um patamar invejável. As cidades de Castro e Carambeí, por exemplo, são exemplos emblemáticos de como a especialização e o investimento contínuo podem transformar regiões inteiras, elevando sua relevância econômica e social. Isso só é possível porque os produtores têm acesso a tecnologia de ponta, assistência técnica qualificada e um suporte cooperativista que garante a comercialização de seus produtos a preços justos.


MAS AFINAL: QUAL O PAPEL DA ENGENHARIA QUÍMICA?


Fonte: Adobe Stock

A Engenharia Química se destaca ao viabilizar processos otimizados, desde a concentração de soro de leite até o refinamento de lactose, utilizando métodos sustentáveis e alinhados às melhores práticas globais. Além de gerar 1.450 empregos diretos e indiretos, o projeto fortalece a relevância do Brasil no mercado internacional de derivados lácteos.

Por outro lado, o Grupo Piracanjuba aposta na integração de processos industriais com foco em eficiência e sustentabilidade. O uso de biogás como fonte de energia e o reaproveitamento de água nos processos produtivos reforçam o compromisso com a descarbonização, uma tendência global indispensável para o setor.

Esses avanços mostram como a Engenharia Química é crucial para transformar matérias-primas em produtos de alta qualidade, ampliando o valor agregado e a competitividade da cadeia produtiva. A integração entre conhecimento técnico, tecnologias avançadas e sustentabilidade permite ao Brasil consolidar sua posição como referência global na indústria de laticínios. É um exemplo de como a Engenharia Química pode ser o motor de uma transformação que beneficia toda a sociedade.


"Essa trajetória do Paraná deve ser celebrada, mas também replicada em outros estados brasileiros. Afinal, o futuro da agroindústria no país está intrinsecamente ligado à capacidade de unir inovação tecnológica, associativismo e uma visão estratégica que priorize não apenas o crescimento econômico, mas também o desenvolvimento social e ambiental. O Paraná, sem dúvidas, já é referência nesse caminho."



Fonte: AEN; Gazeta do Povo; Sooro; InfoMoney


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