Presidente da COP30 é confirmado em meio a cenário geopolítico desafiador

 21/01/2025

Cidade de Belém | Fonte: Getty Images


Escrito por Gustavo Pinheiro

A confirmação do Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, Embaixador André Corrêa do Lago para presidir a 30a Conferência das Partes (COP30), conforme antecipado em minha coluna de Dezembro, reflete o protagonismo da diplomacia profissional e sinaliza a priorização de uma abordagem de política de Estado pelo governo brasileiro em um momento desafiador para o multilateralismo e crítico para o futuro do planeta. Economista, diplomata de carreira e renomado crítico de arquitetura, ostenta um currículo que atravessa décadas de negociações ambientais e um compromisso inegável com o diálogo multilateral. André Corrêa do Lago assume o desafio de costurar a entrega de resultados concretos em uma conferência que deve ser marcada pela urgência e complexidade.

Além do embaixador, a administração do Presidente Lula indicou também a Secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, como Chief Executive Officer (CEO) da conferência, que acontecerá em Novembro em Belém. Economista e doutora em Ciência Política, Ana Toni desenvolveu sua carreira na sociedade civil organizada e na filantropia. Até ser convidada pela Ministra Marina Silva para liderar a secretaria, foi Diretora Executiva do Instituto Clima e Sociedade, organização brasileira que mobiliza recursos filantrópicos para ação climática no Brasil. Antes foi Presidente do Conselho do Greenpeace Internacional, Diretora da Fundação Ford no Brasil e da ActionAid Brasil.

A indicação de dois Secretários de Estado para a liderança da COP30 pelo Presidente Lula reflete o tamanho do desafio enfrentado pelo Brasil na organização da COP30. Especialmente diante das ameaças do presidente norte-americano Donald Trump, que, em seu primeiro dia no cargo, decretou emergência energética para ampliar o investimento em combustíveis fósseis.

Além da ameaça de retrocessos na nova administração norte-americana, a COP30 será a primeira conferência em um planeta que já ultrapassou a marca de 1,5°C de aquecimento global e onde eventos extremos se materializam em velocidade que impressiona até os cientistas, devastando comunidades e ameaçando a estabilidade macroeconômica e a segurança global.

O Brasil gostaria de fazer da COP30 o momento em que se redefinem os rumos da agenda climática global, passando dos compromissos para a ação, com ampliação de financiamento e aceleração da transição para uma economia de baixo carbono e resiliente à mudança do clima. Contudo, o ambiente geopolítico fragmentado ameaça as pretensões nacionais de convergência global e construção dos consensos necessários entre signatários do Acordo de Paris.


Papéis e responsabilidades da liderança da COP30


O Presidente da COP30, deverá desempenhar um papel central ao liderar o desenvolvimento e implementação do plano da presidência brasileira, buscando a convergência entre as Partes para garantir que os compromissos climáticos anteriores sejam cumpridos e promovendo maior ambição coletiva para que os objetivos de limitação do aquecimento global expressos no Acordo de Paris sejam alcançados. Além da agenda preparatória ao longo do ano, fundamental para construir as bases de uma COP bem-sucedida, caberá ao Embaixador André Corrêa do Lago presidir as plenárias da Conferência.

Já a CEO da COP30, Secretária Ana Toni, deverá coordenar as atividades da presidência, liderando a execução da agenda de ação climática e representando a COP30 em fóruns multilaterais para promover avanços concretos e articulando a entrega efetiva de resultados que consolidem a implementação do Acordo de Paris.

"Como já foi observado nas últimas duas conferências, em Dubai e Baku, André e Ana devem atuar em sintonia colaborando na articulação com chefes de delegação e Ministros das partes signatárias, além de mobilizando atores não estatais, em especial buscando compromisso e apoio do setor privado e da sociedade pela aceleração da ação climática."

Novamente o contexto político norte-americano pode representar um desafio adicional, em função tanto do governo Trump quanto da pressão de Procuradores Públicos Estaduais de estados governados pelo partido Republicano, que levaram as maiores instituições financeiras do país a abandonarem a Aliança dos Bancos por Emissões Líquidas Zero (NZBA/GFANZ) nos últimos meses.


Estrutura organizacional e cargos-chave a serem preenchidos


Além da Presidência e da CEO, há outros cargos a serem preenchidos para completar o grupo de liderança da COP30. Algumas das 39 pastas ministeriais já estabeleceram Secretarias ou Assessorias Extraordinárias responsáveis por coordenar ações para a COP30.

No âmbito da negociação climática, o Itamaraty precisa indicar quem será o(a) negociador(a) líder que terá o papel de trabalhar com a Presidência e as Partes para construir consensos, a começar pela agenda da conferência, identificando zonas de convergência e guiando o processo de negociação de forma justa e transparente.

Também deve ser indicado(a) o(a) Chief Operating Officer da COP30, que é responsável pela logística e organização do evento, garantindo um ambiente eficaz e sustentável para o avanço da ação climática global.

Na Casa Civil foi criada em Abril de 2024 a Secretaria Extraordinária para a COP30, responsável pelos investimentos já realizados pelo Governo Federal na preparação de Belém, sob a liderança do Secretário Extraordinário Valter Correia da Silva, que antes foi Diretor de Administração e Pessoas da Dataprev. No Ministério do Meio Ambiente foi estabelecida em Novembro a Assessoria Extraordinária para a COP30, sob liderança da Assessora Especial Alice Amorim Vogas, que assim como Ana Toni atuava antes no Instituto Clima e Sociedade.

Cabe ainda ao governo brasileiro a indicação da equipe de liderança da Parceria de Marrakesh, que teve seu mandato renovado ano passado no Azerbaijão: O Campeão(ã) de Alto Nível para a Ação Climática deverá atuar para fortalecer a participação de atores não estatais, mobilizando o setor privado para integrar a sustentabilidade como um eixo central de suas operações.

Por fim, o Campeão da Juventude para o Clima deverá promover a participação de jovens no processo diplomático e amplificar suas vozes nas decisões globais.

É possível que o Brasil estabeleça ainda outras posições de liderança, como um Campeão de Povos Indígenas e Populações Tradicionais para o Clima, especialmente em se tratando da primeira COP realizada na Amazônia.


Mobilização para uma COP histórica


O agora oficializado Presidente da COP30 destacou a necessidade de criatividade para avançar na diplomacia climática. Com a agenda climática cada vez mais urgente e desafiadora, a COP30 vai requerer ampla mobilização da sociedade e parcerias entre atores públicos, privados e a sociedade civil para que as expectativas se materializem em entregas tão concretas quanto os impactos da crise climática, que já impõem um enorme custo em mortes e destruição em todo o planeta.


A AEQP

Nossa Missão

Proporcionar um sistema de formação continuada aos profissionais da Engenharia Química, bem como defender os interesses da classe para o contínuo enobrecimento e desenvolvimento da profissão.

Nossa Visão

Ser uma entidade reconhecidamente contribuinte no processo de inserção do Estado do Paraná e da Engenharia Química Paranaense no contexto mundial de responsabilidade econômica, social e ambiental, promovendo ativamente a prosperidade sustentável dos paranaenses.

Valores de Trabalho

Ética | Profissionalismo | Senso de continuidade | Excelência na atuação.

Nossos Canais de Contato

Redes Sociais